Bem Vindo!

"Este blog nasceu como requisito da matéria de Seminário de Integração I, ministrada pelo professor Felipe Aço. O objetivo do blog é o de levar à público nossas experiências e elaborações em sala de aula, tornando assim, possível a interação e integração dos grupos, aflorando ideias e pontos de vista que muitas vezes não se manifestam em sala de aula".
Somos estudantes do 5º semestre do curso de Psicologia, com faixas etárias distintas. Acreditamos que os nossos caminhos não se cruzaram por acaso. Aprendemos muito uma com a outra e o convívio diário nos leva a uma leitura da realidade, a qual compartilhamos e nos induz a sairmos da zona de conforto, de forma desafiadora, e é nesse momento que também surgem divergências para as quais tentamos encontrar um equilíbrio e colocar em prática a constante aprendizagem integrando de certa forma as nossas vidas.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aula do dia 11.04.11

O texto “A Representação do Eu na Vida Cotidiana” de Erving Goffman, faz um estudo profundo sobre o conhecimento que o homem tem de si mesmo. O autor passa do público para o privado, abordando o comportamento humano em sociedade e sua forma de manifestação. Sem sair de seu rigor científico, serve-se de uma linguagem teatral, como estrutura de exposição dos conteúdos e transfere esta, para o cotidiano onde diz: “Quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente solicita de seus observadores que levem a sério a impressão sustentada perante eles. Pede-lhes para acreditarem que o personagem que vêem no momento possui os atributos que aparenta possuir, que o papel que representa terá as consequências implicitamente pretendidas por ele e que, de um modo geral, as coisas são o que parecem ser” (pg.25). Mostrando assim, que o homem em sociedade sempre utiliza formas de representação para se mostrar a seus semelhantes, sendo necessário, o meio se adequar ao indivíduo.
Um dos temas relevantes que Goffman trata ao longo do texto é a fundamental importância de possuir um acordo acerca da definição da situação em uma dada interação para manter a coerência. Ele faz uma citação: “Não é provavelmente um mero acidente histórico que a palavra “pessoa”, em sua acepção primeira, queira dizer máscara. Mas, antes, o reconhecimento do fato de que todo homem está sempre e em todo lugar, mais ou menos conscientemente, representando um papel... É nesses papéis que nos conhecemos uns aos outros; é nesses papéis que nos conhecemos a nós mesmos” (pg.27). Dessa forma, associa o caráter em relação à máscara social, onde cada indivíduo tenta se ajustar ao outro, que na verdade é a sua própria personalidade. Nestas interações, as partes envolvidas, público ou atores simultaneamente; os atores normalmente atuam de forma que se sobrepõe a si mesmos e encorajam os outros, por diversos meios a aceitar tal definição.
Goffmann ressalta que quando a definição aceita da situação é desacreditada, alguns (ou todos) atores podem fingir que nada mudou caso acreditem que isso é lucrativo ou manterá a paz. Ele diz: “Conquanto possamos esperar encontrar uma oscilação natural entre cinismo e sinceridade, ainda assim não devemos excluir o tipo de ponto de transição, que pode ser mantido à custa de um ponto de auto-ilusão” (pg.28). O cinismo é então, uma adequação ao espaço para manter a tranquilidade social; e , Goffman declara que esse tipo de atitude acontece em todos os níveis da organização social, dos mais pobres às elites.
No que diz respeito a representação do eu na vida cotidiana, cujo projeto é captar e explicar as estratégias que as pessoas usam a fim de passar delas próprias, uma autoimagem positiva, mediante recursos verbais e principalmente não-verbais, o autor afirma que grande parte do comportamento cotidiano é semelhante ao de atores no palco, sendo que os indivíduos e os grupos estão constantemente representando uns para os outros.
Veja o vídeo abaixo e tire suas próprias conclusões!!!!


terça-feira, 5 de abril de 2011

Aula do dia 29.03.11


As Três Ecologias

     Ao registrar as "Três Ecologias" - a do meio ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana - (a esta articulação dá se o nome de “ecosofia”)  Guattari manifesta sua indignação perante um mundo que se deteriora lentamente: "O que está em questão é a maneira de viver daqui em diante sobre o planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico. Em virtude do contínuo desenvolvimento do trabalho maquínico, redobrado pela revolução da informática, as forças produtivas vão tornar disponível uma quantidade cada vez maior do tempo de atividade humana potencial. Mas com que finalidade? A do desemprego, da marginalidade opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou a da cultura, da criação, da pesquisa, da reinvenção do meio ambiente, do enriquecimento dos modos de vida e de sensibilidade?" Existe a necessidade de rever a estrutura das classes sociais, o estabelecimento e cumprimento de regras universais dos direitos humanos, o reconhecimento da interdependência entre os seres e da complexa teia de relações entre eles.

 
    
     A subjetividade, através de chaves transversais, se instaura ao mesmo tempo no mundo do meio ambiente, dos grandes agenciamentos sociais e institucionais e, simetricamente, no seio das paisagens e dos fantasmas que habitam as mais íntimas esferas do indivíduo. A reconquista de um grau de autonomia criativa num campo particular invoca outras reconquistas em outros campos. Assim, toda uma catálise da retomada de confiança da humanidade em si mesma está para ser forjada passo a passo e, às vezes, a partir dos meios os mais minúsculos.
     Independente da camada social em que estão inseridos os indivíduos, precisamos de pessoas destituídas de tanto ego. Precisamos de pessoas que falem de uma forma que todos entendam o que está sendo dito. Esta linguagem precisa ser, vir e falar ao coração, num processo de vir e ir de dentro e para dentro. O fora está subjetivando demais a humanidade como um todo. Precisamos de pessoas que falem a linguagem do coração e que não se sintam donos do conhecimento e nem retêm-os para lhes aumentar o poder. É imprescindível que encontremos enunciados que operem, de forma prática e reconhecida, por toda comunidade científica e a não científica também, como alternativas eficazes na ruptura a significantes. E o afeto e o percepto são modos de apreensão absolutamente complementares, afirma Guattari (1989).
     Acreditamos que, caminhar em busca de uma re-significação de valores e de construção de novas subjetivações, implica em reformular práticas de relacionamento com o próprio corpo, com nossa forma de estar no mundo social e na nossa ecologia mental. A continuar esta agressão que o ser humano sofre quanto aos processos de grupamento humano padronizado, tele guiado por uma mídia acoplada ao sistema econômico devassador da vida, urge que sejamos corajosos para nos olharmos em primeiro lugar e perceber de que forma somos "atravessados" pelas instituições. Outra forma de se dizer isso seria afirmar que as práticas sociais que não logram êxito, devem-se, na maior parte dos casos, às dificuldades dos indivíduos em seus processos pessoais.
     Precisamos, portanto, ampliar nossa capacidade de difundir no campo das ciências e da epistemologia, outras alternativas de desenvolvimento da percepção da singularidade dos seres, não apenas para um avanço concreto na aceitação da biodiversidade, mas para que os potenciais humanos tenham expressividade e sejam libertadores de uma vida mais plena e feliz dos seres. Os indivíduos devem se tornar a um só tempo solidários e cada vez mais diferentes.